Objetivo

A manobra de reatores em derivação é um tema que ocupa a atenção das transmissoras, fabricantes e especialistas há mais de 50 anos. O crescimento acelerado das redes de transmissão a partir do início dos anos 1970 e, particularmente, nos anos 1980 tiveram como consequência a necessidade de adoção de recursos de controle de tensão, devido à elevada injeção de potência reativa no sistema pelas linhas de transmissão, cada vez mais longas em alguns países, como no Brasil, e com maior SIL.

As aplicações de reatores em derivação para controle de tensão nos sistemas elétricos possuem dois tipos distintos de aplicação, os reatores de linha de transmissão, em princípio fixos e conectados diretamente nos terminais das linhas, e os reatores de barra, estes sim necessariamente manobráveis, de forma a controlar a tensão da rede em momentos de carga baixa do sistema, evitando o desligamento de linhas de transmissão, medida que prejudica a confiabilidade da rede.

Do ponto de vista dos equipamentos, manobrar reatores em derivação sempre foi um desafio especial para transmissoras, fabricantes de reatores e fabricantes de disjuntores. A elevada indutância dos reatores em derivação, somada ao fenômeno de corte de corrente, produzem na manobra de abertura sobretensões transitórias bastante elevadas aos terminais dos reatores e, particularmente, através das câmaras dos disjuntores. A tensão de restabelecimento transitória (TRT) na abertura de reatores em derivação é bastante desafiadora para os disjuntores. Ela provoca, inclusive, a reignição do arco na câmara de interrupção, o que implica em sobretensões de elevada taxa de crescimento diretamente aos terminais dos reatores manobrados. Tais solicitações de alta frequência produzem solicitações dielétricas que podem danificar o isolamento do reator, devido à repetibilidade das reignições a cada manobra do reator.

A eficiente mitigação dos efeitos indesejáveis tanto das solicitações de alta frequência nos reatores, quanto das reignições para as câmaras de interrupção dos disjuntores, foi obtida com o emprego da tecnologia do chaveamento controlado no comando dos disjuntores de alta tensão. Por meio dessa estratégia, a ordem de abertura do disjuntor de reator é controlada de forma sincronizada com a senoide da corrente injetada pelo reator, propiciando que a separação dos contatos do disjuntor ocorra em um ponto da senoide que resulte na eliminação, no mínimo, na redução da possibilidade de ocorrência de reignições.

O chaveamento controlado, embora conhecido das comunidades do CIGRE desde a década de 1980, somente se popularizou como um produto industrial na metade da década de 1990. Sua aplicação em larga escala para a manobra de reatores em derivação no Brasil ocorreu por iniciativa do ONS, que a partir de 2007 (Leilão 004/2007), recomendou a inclusão nos anexos técnicos dos editais de transmissão e, posteriormente, nos Procedimentos de Rede, a obrigatoriedade de adoção de chaveamento controlado para disjuntores de reatores em derivação.

A despeito da ampla utilização do chaveamento controlado, a manobra de reatores em derivação continuou a ser um desafio para transmissoras e fabricantes de reatores e disjuntores, devido à relativamente alta incidência de falhas tanto em reatores quanto disjuntores.

A manobra dos reatores fixos em conjunto com as linhas de transmissão, à princípio menos crítico, poderá também submeter esses equipamentos a sobretensões atípicas em determinadas condições.

A experiência prática tem mostrado falhas para esse tipo de manobra.

Estes fatos motivaram o CIGRE Brasil a preparar um Workshop a respeito deste tema, com o intuito de fornecer subsídios ao setor elétrico sobre as melhores práticas e pontos de atenção ao projetar instalações e especificar equipamentos envolvidos na manobra de reatores em derivação, particularmente os reatores e disjuntores.

Workshop: Aplicação de Reatores em Derivação

Conteúdo Programático do Workshop

Aplicação de Reatores em Derivação nas Redes Elétricas de Alta Tensão

I. Introdução à aplicação de reatores em derivação

  • Tipos de aplicação: reatores de barra, reatores de linha e utilização de reatores de neutro.
  • Frota de reatores na Rede Básica.

II. Resumo teórico da interrupção de pequenas correntes indutivas

III. Manobra de reatores em derivação

  • Sobretensões decorrentes e efeito do corte de corrente pelo disjuntor.
  • Solicitações ao disjuntor devido a TRT.
  • Reignições do disjuntor.

IV. Chaveamento controlado aplicado à manobra de reatores

  • Vantagens e pontos de atenção.
  • Desempenho do sistema de chaveamento controlado.
  • Aplicações em arranjos de subestação tipo DJ.
  • Impactos da falha do sincronizador.

V. Ensaios de disjuntores de alta tensão

  • Pontos relevantes na sua realização.
  • Aplicação prática dos resultados na avaliação do desempenho.

VI. Solicitações de manobra impostas aos reatores

  • Efeitos das reignições do disjuntor no isolamento.
  • Cuidados especiais na especificação de reatores manobráveis.
  • Considerações para ensaios para ondas não padronizadas.
  • Estudo de casos.

VII. Solicitações impostas ao disjuntor

  • Resumo das solicitações mais relevantes.
  • Modos de falha mais observados.
  • Cuidados especiais na especificação de disjuntres de reatores.
  • Estudo de caso.

VIII. Discussão sobre ocorrências na manobra de reatores

  • Casos concretos de transmissoras.
  • Dúvidas na aplicação de disjuntores e reatores manobráveis.

IX. Considerações finais

Comitês de Estudo

CE A3 – Equipamentos de Transmissão e Distribuição

CE A2 – Transformadores e Reatores de Potência

CE C4 – Desempenho de Sistemas Elétricos

Inscrições

Valores de Inscrição

Categoria Valor
Valor para Sócio R$ 840,00
Valor para não Sócio R$ 1.200,00
Valor para Estudante Sócio R$ 290,00
Valor para Estudante não Sócio R$ 420,00

Será exigida comprovação de matrícula em entidade de ensino para garantir o acesso ao evento no ato do seu credenciamento no local do evento.

*As inscrições presenciais dão direito a coffe-break e certificado.